
Porém, ao falarmos de revolução,
não estamos endossando tais coisas. Na revolução proposta por Jesus,
ninguém sai machucado, destruído. Aliás, a expectativa dos discípulos era de
que Jesus promovesse um levante contra Roma e as autoridades judaicas que havia
se promiscuído com o Império. Mas Jesus propunha um tipo de revolução
totalmente inversa ao que eles esperavam. Não uma revolução armada, mas uma
revolução de amor. Existiria algo mais forte que o amor?
O Evangelho é, por si só, a mais
subversiva mensagem jamais pregada. Vejamos alguns exemplos de seu
conteúdo subversivo e revolucionário.
Talvez o mais subversivo sermão
pregado por Jesus tenha sido o que ficou conhecido como Sermão da
Montanha. Enquanto o senso comum acreditava que felizes eram os ricos
arrogantes, Jesus afirma que felizes são os pobres de espírito. Se para eles
felizes eram os que gargalhavam nos banquetes dos palácios, para Jesus, felizes
eram os que choravam.
Neste sermão, o Mestre Galileu
propõe uma ética totalmente inversa àquela disseminada pelos mestres da época.
“Ouvistes que foi dito: Olho por
olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau. Se
alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém quiser
demandar contigo e tirar-te a túnica deixa-lhe também a capa. Se alguém te
obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas” (Mt.5:38-41).
Ora, se isso não é subversivo, o
que é, então?
Não se trata apenas de pacifismo,
mas de amor.
“Ouvistes que foi dito: Amarás o
teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem” (vv.43-44).
Em momento algum, Jesus endossou o
estilo de vida vigente à época. Seu compromisso não era com a manutenção do
Status Quo, mas com a introdução de uma nova ordem de coisas, onde o ser humano
teria mais importância do que as instituições e tradições. Onde o sábado fora
feito para o bem-estar do homem, e não o homem para o sábado.
Ele denunciou através de Seus
ensinamentos a inversão de valores predominante naquela sociedade. Desferiu um
golpe fatal no espírito consumista, colocando a avareza como oponente de Deus.
“Ninguém pode servir a dois
senhores. Ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará
o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (v.24).
Em outras passagens, Ele demonstra
que no Reino de Deus as coisas funcionam de maneira inversa ao mundo. No Reino
quem quiser ser o maior, tem que ser o menor. Quem amar sua própria vida,
acabará desperdiçando-a, mas quem se dispuser a gastá-la por amor de Cristo, a
reencontrará.
Ora, não há nome mais próprio para
isso que subversão.
Infelizmente, a igreja cristã tem
se promiscuído com o mundo, trocando os valores eternos do reino pelas
propostas indecorosas feitas por um sistema apodrecido. Pastores, em busca de
fama e reconhecimento, vendem-se e negociam os votos de seu rebanho.
Cristãos ajustaram suas crenças às
agendas políticas e ideológicas. A verdade foi trocada por um prato de
lentilhas, e pior, lentilhas podres.
Se antes corríamos o risco de
colocarmos vinho novo em odres velhos, hoje há muitos odres novos, estratégias,
marketing, estruturas eclesiásticas para todo gosto. Porém, o vinho está em
falta. Os odres estão vazios. As igrejas estão cheias de pessoas vazias.
Creio que assim como a Reforma só
aconteceu porque a igreja redescobriu o conteúdo subversivo das epístolas
paulinas, a Revolução acontecerá quando a igreja redescobrir o teor subversivo
dos Evangelhos, principalmente do Sermão da Montanha.
Em vez de gastarmos nosso tempo
pregando invencionices humanas, retornemos à mensagem do Reino e do Amor de
Cristo. Em vez de uma nova Reforma Protestante, necessitamos sim é de uma
Revolução Reinista, isto é, centrada no Reino, e não em estruturas denominacionais.
FONTE: HERMES C. FERNANDES
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